Pequenos e médios negócios ainda temem uso da tecnologia
'Elas São Tech' acende debate sobre papel das ferramentas digitais na rotina quase "caseira" de empreendimentos de menor porte
Postado domingo 13/07/2025 por Redação
Categorias: Empresas Negócios Empreendedorismo

Enquanto o mundo cria figuras caricatas, como a fictícia Marisa Maiô, ressuscita personagens bíblicos em cenários reais e dá voz a pets fofinhos, há quem caminhe com cautela diante da avalanche tecnológica.
É isso o que mostrou o último encontro do movimento Elas São Tech, realizado em São José dos Pinhais (PR). O evento é uma organização da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PR), entidade que representa as empresas de tecnologia no Estado.

Sob o tema ‘Os desafios tecnológicos para indústrias de pequeno e médio porte’, o debate foi provocativo: quão difícil é, de fato, incorporar, nas empresas familiares ou iniciantes, as novas ferramentas digitais?
Para ilustrar o processo de evolução, aceitação e incorporação da tecnologia na rotina de seus processos, a empresária Ana Luiza Spengler, neta da criadora das bolachas Vovó Elza — alimento famoso na região curitibana — apresentou sua história e também suas dores na ascensão tech no painel temático. Segundo ela, foi apenas em 2012 que a família começou a pensar no uso da tecnologia — mesmo com uma história, à época, de mais de 14 anos.
“Nascemos no meio da adversidade. Esse fator muitas vezes nos faz ter os pés muito enraizados pelo fato de não termos espaço para errar. A empresa nasceu com meus pais, sendo meu pai já com mais de 60 anos. Alguns anos mais tarde tivemos a entrada de mais dois irmãos na empresa, sendo que um deles veio do mercado financeiro”, contou. “Por fazermos um produto artesanal, temos a crença de que a tecnologia não nos acompanha. No entanto, sabemos que precisamos nos adaptar diariamente a ela por uma imposição do mercado.”
A adaptação vem acontecendo. Segundo Ana, a empresa já utiliza softwares de varejo e financeiro, ferramentas de marketing e equipamento industrial. “Fomos introduzindo [a tecnologia] de acordo com a demanda do mercado, mas com entusiasmo, embora com neutralidade.”
A história do processo vivido pelas bolachas Vovó Elza não é isolada. Dados de três anos atrás, levantados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostravam que, na ocasião, ainda havia uma parcela significativa dos pequenos negócios que não haviam digitalizado seu modelo de negócio: das 19,5 milhões de micro e pequenas empresas brasileiras, aproximadamente 27% (5,3 milhões) ainda não estavam no mercado digital, não usavam redes sociais, sites ou aplicativos para vendas. O Sebrae e seus dados de 2025 impõem um alerta: 88% dos consumidores — segundo a entidade — já realizam compras online regularmente, o que torna a presença digital um elemento essencial para pequenos negócios.
“Empresários que desejam fortalecer seu negócio e conquistar mais clientes precisam entender as principais tendências do mercado e saber que o uso da tecnologia é fatal, não apenas para atender à demanda dos consumidores, mas também para organizar sua gestão de trabalho”, destaca Raquel Uchôa Moreira, diretora de Mulheres na TI da Assespro-PR e uma das idealizadoras do Elas São Tech. “Sabemos que cada empresa tem sua história e sua velocidade. Estamos aqui para ajudar, abraçar as dificuldades e contribuir com trabalho e soluções para quem precisa".
O debate também contou com o olhar e a experiência pessoal da empresária Débora Trinkaus, founder da Nutfree, especialista em saudabilidade e empreendedorismo, idealizadora do Projeto 100 Anos. "Quando a gente fala de pequenas e médias empresas, o principal desafio é não ter um departamento ou alguém definido para identificar as melhores alternativas em TI, que identifique as melhores soluções e que faça essa incorporação na empresa. Outro ponto importante e desafiador é que precisamos desmistificar o termo inovação, entender que tudo o que fazemos para melhorar processos e gestão é inovação", destacou. Para Débora, o uso da tecnologia nas PMEs não é futuro, mas realidade. "Claro que às vezes temos dificuldades para entender as ferramentas, mas é preciso buscar cursos, capacitação — e isso precisa ser feito já, entendendo o que é relevante e faz sentido para nossa empresa."
Leila Valerius, contadora e CEO do Grupo Maio, concorda que as limitações ainda existem, especialmente diante da ausência de profissionais e na adequação da tecnologia às limitações operacionais das pequenas e médias empresas. No entanto, a empresária é positiva e vê um futuro promissor. "A gestão baseada apenas na intuição já não encontra espaço em um mercado cada vez mais acelerado e competitivo. Nossa capacidade de inovar e nos reinventar é constantemente colocada à prova. Para quem ainda resiste às mudanças, vale uma reflexão: o mundo está conectado e avança em um ritmo muito mais rápido do que imaginamos. Não importa a velocidade com que você decida seguir — o essencial é não parar! Não desista. Busque apoio, peça ajuda, troque experiências, participe de redes e eventos. Quando você cresce, todo o seu entorno também evolui. Cada obstáculo pode ser transformado em uma oportunidade para reescrever sua história", sublinhou.
O encontro, mediado por Carol Zanata, elencou pontos frágeis para empreendedores mais conservadores, mas trouxe otimismo e tranquilidade para quem ainda teme a inovação. "O feijão com arroz é muito importante: um bom sistema de gestão, ferramentas de comunicação integradas e dashboards simples para que a empresa consiga analisar dados com autonomia. Hoje, a tecnologia ajuda a otimizar tarefas repetitivas, economizar tempo e tomar decisões baseadas em dados, não em achismos. Automatizar o que é operacional libera tempo para o estratégico, e isso vale ouro numa PME. O futuro das PMEs é tecnológico, sim, mas também é humano, conectado e com impacto real nas comunidades."
Elas São Tech
Preocupações do setor de tecnologia acompanham o Elas São Tech, um movimento que mira na visibilidade de empreendedoras que ocupam esse território tradicionalmente masculino, seja com grande destreza ou com mais cautela. Criado no Paraná no ano passado como um braço do tradicional Coffee Time, o Elas São Tech rapidamente evoluiu de evento para movimento, com o propósito de incluir as mulheres no centro da narrativa e convidar todos a se engajarem nesta transformação.
“E isso passa também pela inclusão digital. Sabemos que, ao mesmo tempo em que há empresas avançando em projetos de grande escala, existem também aquelas que precisam de investimento digital para não recuar. Apostar em tecnologia é sinônimo de sobrevivência, mas tudo tem seu tempo, momento e configuração. A Assespro-PR é uma entidade amiga, disponível para ajudar inclusive nos casos mais delicados, onde há dúvida, recusa e falta de aceitação. Aos poucos, a mudança se mostra profundamente tranquila e produtiva”, sinaliza o presidente da entidade, Adriano Krzyuy.
SOBRE A ASSESPRO-PR
A Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PR) representa o setor de tecnologia no estado. Com mais de 300 associados, a entidade atua como unificadora do setor, protagonista de novas soluções, desenvolvedora de talentos e geradora de maior conexão. Com mais de 40 anos de fundação, a entidade é parceira das principais instituições públicas, privadas e universidades do país. Tem como foco a promoção de negócios, a educação e o impulsionamento das atividades comerciais de seus associados para o benefício da sociedade e do estado.
By Engenharia de Comunicação
Foto: Divulgação
Somos o Grupo Multimídia, editora e agência de publicidade especializada em conteúdos da cadeia produtiva da madeira e móveis, desde 1998. Informações, artigos e conteúdos de empresas e entidades não exprimem nossa opinião. Envie informações, fotos, vídeos, novidades, lançamentos, denúncias e reclamações para nossa equipe através do e-mail redacao@grupomultimidia.com.br. Se preferir, entre em contato pelo whats app (11) 9 9511.5824 ou (41) 3235.5015.
Conheça nossos portais, revistas e eventos!