Diferencial das PMEs pode estar na contratação de jovens talentos, em especial, do ensino técnico

*Por Giuliano Amaral

Postado sábado 26/07/2025 por Redação

Categorias: Artigo

Diferencial das PMEs pode estar na contratação de jovens talentos, em especial, do ensino técnico
Diferencial das PMEs pode estar na contratação de jovens talentos, em especial, do ensino técnico

Representando quase 30% do PIB brasileiro hoje, as PMEs podem dar um salto se olharem com mais atenção ao jovem que está chegando ao mercado de trabalho agora, mesmo sem ter entrado na faculdade ainda. Além de estarem de olho nas universidades, esses talentos têm buscado se capacitar por meio de outras fontes, como cursos especializantes, acelerações e cursos técnicos. De acordo com o Censo Escolar 2024, a proporção de estudantes do ensino médio matriculados em um curso técnico integrado aumentou 24,2% entre 2023 e 2024, superando 1 milhão de alunos. A partir das experiências práticas adquiridas nos cursos, eles têm capacidade de chegar ao mercado com ótimo repertório prático e conhecimento adquirido a partir de soluções de problemas reais.

 

Um dos principais desafios das Pequenas e Médias Empresas é o de se manterem competitivas no mercado frente às empresas grandes, multinacionais e startups, não só locais, mas de todo o país, que já têm marcas e produtos muito conhecidos, capacidade de investimento, marca empregadora forte e atratividade para talentos. Contar com profissionais jovens que já tenham adquirido autonomia e que estejam dispostos a aprender para contribuir com o propósito do negócio tem potencial de ser um grande diferencial.

 

O que vemos até o momento, no entanto, é um descompasso, pois é nítido que muitas empresas têm esperado o ‘profissional pronto’ à contratação de jovens, mesmo os que estão cursando boas formações. Um estudo da Handshake chamado “Internships Index” foi lançado este ano, e trouxe dados sobre o mercado de estágios nos Estados Unidos. Ele mostrou que a oferta de vagas vêm caindo ao longo do tempo: entre janeiro de 2023 e janeiro de 2025, a queda foi de mais de 15%, enquanto as candidaturas a vagas, por sua vez, aumentaram, fazendo com que a concorrência por vaga mais que dobrasse no período. 

 

Ainda assim, as empresas estão cada vez mais insatisfeitas com a nova geração. Uma pesquisa da Intelligent.com mostrou que 1 em cada 7 empresas pode deixar de contratar recém-formados este ano, pois afirma que, quando o faz, essas admissões fracassam. Além disso, 37% dos gestores preferem investir em soluções de inteligência artificial ao invés de contratar esse perfil, segundo um estudo da Hult International Business School. Para mim, esse cenário é reflexo de um modelo educacional ainda muito distante da prática. O jovem estuda por muitos anos sem compreender como aplicar o que está na sala de aula, gerando desmotivação e pouca conexão com o mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, muitas empresas pensam apenas no curto prazo e se esquivam da estratégia de formar esses talentos, apenas empurrando o problema, o que gerará custos maiores para o futuro, quando sentirão falta de talentos engajados e alinhados à cultura para promover dentro de casa.

 

Aqui, vejo como uma oportunidade única para as PMEs inovarem na qualidade e eficiência da atração de talentos para serem especialmente competitivas no mercado. Ao apostarem na contratação de jovens que estejam no Ensino Médio Técnico, onde há mais de 1.000 horas de carga horária funcional voltada aos escopos de trabalho, elas podem contar com forte identificação desse jovem ao propósito da organização e com o desejo dele de construir uma carreira ali. 

 

O modelo integrado ao ensino médio cria um contexto potente de desenvolvimento, com mais paciência e, portanto, qualidade. Nos países desenvolvidos, fazer estágio enquanto se está no Ensino Médio Técnico é comum, sendo que, na OCDE, 41% das pessoas que estão no Ensino Médio fazem Ensino Médio Técnico, e que 45% desses fazem estágio. Aqui no Brasil, apenas 13% do ensino médio é integrado ao técnico e observamos empiricamente que menos de 10% desses estagiam na área que estudam. Por aqui, as empresas ainda estão começando a conhecer essa oportunidade de fonte de talentos, que certamente vai crescer muito nos próximos anos. 

 

Vejo nas PMEs a vantagem competitiva da agilidade, proximidade regional e capacidade de criar ambientes de desenvolvimento reais aos estudantes. Ao abrirem espaço para jovens em formação, inclusive aqueles que ainda não ingressaram na faculdade, e investirem em capacitação e integração, podem formar profissionais alinhados com suas necessidades e, ao mesmo tempo, engajar uma geração que está buscando sentido, aprendizado e oportunidade.

 

Giuliano Amaral é co-fundador e CEO da Mileto, uma HR Tech que conecta jovens do ensino técnico a pequenas e médias empresas. É formado em Administração de Empresas pela FGV e Executive MBA pela IESE Business School.

 

By Mondoni Press
Foto: Douglas Norberto

Somos o Grupo Multimídia, editora e agência de publicidade especializada em conteúdos da cadeia produtiva da madeira e móveis, desde 1998. Informações, artigos e conteúdos de empresas e entidades não exprimem nossa opinião. Envie informações, fotos, vídeos, novidades, lançamentos, denúncias e reclamações para nossa equipe através do e-mail redacao@grupomultimidia.com.br. Se preferir, entre em contato pelo whats app (11) 9 9511.5824 ou (41) 3235.5015.

​Conheça nossos ​portais, revistas e eventos​!